sexta-feira, 25 de março de 2011

O desafio de praticar valores e princípios

Fonte: HSM Online



Em artigo, a consultora Valérya Carvalho defende a descentralização dentro das estruturas das organizações. Confira!



Um dos fatores mais importantes para criar uma excelência em serviços acima da média é construir uma cultura corporativa orientada para esse aspecto. E isso se aplica à organização como um todo e não apenas para um departamento ou outro.

Quando uma empresa nasce, seja ela de qualquer segmento ou tamanho, a cultura corporativa evolui naturalmente, por conta do alto nível de empowerment e descentralização que as pessoas possuem.
À medida que esta mesma empresa cresce, é necessário se certificar que essa cultura está sustentada pelos seus valores e princípios, para que ela possa caminhar na direção desejada e manter o empowerment, bem como a confiança, aprofundando no modelo descentralizado alinhado com o ambiente.

Para assegurar que toda a organização fale a mesma língua e que, de fato, entenda o valor de um serviço de excelência, é preciso dedicar tempo e recursos para a administração de sua cultura organizacional.

O que é necessário, então, para criar este ambiente ou esta cultura?

Em primeiro lugar, é necessário olhar para as pessoas. É preciso que seja criado um ambiente que proporcione prazer no trabalho. Para facilitar este caminho, recomendo dar autonomia, permitir a circulação livre da informação, ter liberdade de comunicação e debate independentemente da hierarquia.

Cada vez mais, importa menos o cargo e mais a capacidade de colaborar, convencer, influenciar e organizar uma rede. Além disso, é interessante reunir pessoas, que pela teoria Y da natureza humana são criativas e inteligentes, e dar para elas uma missão clara, desafiando-as com metas difíceis, porém possíveis de serem alcançadas.

Contudo, é preciso deixar que as pessoas se organizem da maneira mais livre possível para cumprir as metas estipuladas, baseado em uma cultura de alta dose de autonomia e de responsabilidade individual ao mesmo tempo.

Niels Pflaeging, em seu livro “Liderando com Metas Flexíveis”, diz que em organizações pós-taylorista, e, portanto, descentralizadas, é possível identificar uma série de conceitos empregados de maneira bastante uniforme, como:

• Integridade e abertura

• Democracia

• Responsabilidades e responsabilidade própria

• Autorealização e aprendizado

• Confiança e cooperação

• Prazer e alegria com o trabalho, prazer com o desempenho e divertimento

Os executivos, diretores e ou gerentes nessas empresas não são os principais tomadores de decisões. A descentralização significa que as decisões são tomadas pelas pessoas que estão mais próximas possíveis do mercado ou do cliente.

Os diretores e gerentes se tornam consultores e apoiadores de suas equipes em relação a todos os problemas importantes associados à organização. Não é simples comprometer executivos com este tipo de princípio.

As empresas, atualmente, definem “liderança” como sinônimo de alta gerência. Quando se fala do desenvolvimento dos líderes ou das “qualidades dos líderes”, em geral se faz alusão ao mais alto nível de executivos apenas.

Essa compreensão nos leva a duas considerações importantes. A primeira é que exceto os diretores e gerentes, o resto não é liderança, portanto, não lidera.

E segundo é que essa definição equipara liderança a hierarquia e tira a autonomia do conceito de liderança, o que nos leva a entender que “Líder” é um cargo. Quem está em cima lidera e quem está embaixo executa.

Entretanto, é importante relembrar que o líder, como soberano e chefe, é uma página virada, porque os ambientes de negócios já mudaram e estão em dissonância com o comando de controle. Sabemos que a parceria e o empowerment são hoje as práticas que produzem organizações com alto desempenho.

Isso mostra que nós temos, hoje, finalmente, a oportunidade de construir organizações com uma gestão coerente com a natureza humana. E que acima de tudo são empresas, nas quais é prazeroso trabalhar, pois cada pessoa pensa e tem a oportunidade de agir como um empreendedor, o que funciona de maneira sustentável e duradoura, criando valor para ambas as partes.

Valérya Carvalho (Consultora associada da Muttare, consultoria de gestão, fundada em 2002 (www.muttare.com.br). Também é co-fundadora e associada do Beta Codex Network e Presidente da Beta Leadership Advisory)

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